terça-feira, 10 de junho de 2008

CASA DE TAIPA












poema de Francisco Estevam de Araújo

Tal casa de taipa
Construída com madeira da mata
E barro socado do chão
Rústica casa antiguidade
Não moderna da cidade
Moradia no interior do sertão

Realmente feita a mão
Representa assim a pobreza
Moradia gente de simplicidade
Na taipa não reside nobreza
Tempo modelo de casa roceira
As pessoas em mutirão

Engenhavam a taipa de construção
Vista aqui no Brasil
Casa barro e madeira
Na época que existia
Muita reserva na mata
Hoje jamais não se acha

A taipa entre família roceira
Barro amassado no pé
Cavado a força da mão
Tantas Marias e Josés
Trabalhavam reunidos
Para fazer o abrigo

Juntos homens com mulheres
Na feita casa de taipa
As pessoas em cantorias
Vida cheia de alegria
Sem reclamar de tristeza
Rezam pra Deus em serenata

Que não falte o pão na mesa
Não verso na ficção
Casa taipa no sertão
Brasil história realidade
No meio do interior
Taipa não vive Doutor
Mas mora a felicidade.

VIDA

de Rute da Costa

Naquele ar ameno,
Bucólico,
Rios, plantas, pássaros vivam,
E a vida seguia seu rumo.

Certo dia veio a enxurrada,
E a todos desprevenidos pegou,
Cada um foi procurar seu rumo,
A vida ali por um instante secou.

Passado algum tempo,
Aquele ar ameno e bucólico retornou.
Houve então o entrelaçamento,
E a pequena taipa novamente o seu lugar encontrou..

TAIPA ANTIGA CASA

poema de Cristiane de Oliveira

Taipa antiga casa
Nasce e vive na casa de taipa


Taipa antiga casa
Ri do ninguém sabe


Taipa antiga casa
Espalha para que ninguém fique


Nasce e vive na casa de taipa
Ri do que ninguém sabe
Chora sem que ninguém saiba
Amontoa para que ninguém caiba
Espalha para que ninguém fique
Vive e morre na casa de taipa

Chora sem que ninguém saiba

Amontoa para que ninguém caiba

Vive e morre na casa de taipa

TAIPA

poema de Rosa Leme

De estrutura pau a pique
construída com barro úmido
dentro vidas secas,
desejando Água fresca.

O nordeste clama, reclama
o nordestino aplaina,
quando apanha a palma
as crianças batem palmas.

Mulheres de havaianas
vão pela estrada
cantam, dançam, com feixes de lenha
e latas d’água na cabeça

A Maria, Joana, Amélia
e a Elis
elas dizem com alegria
“Eu sou feliz!”

O moço de olhos tristes
com enxada e foice nas costas
olha para o sol
e diz “a chuva foi-se!”

O João de barro
carrega no bico o barro úmido
o cachorro da casa de taipa
sem corrente saúda a vida contente.

Pau a pique
vidas sofridas, vividas.
Vidas com fibra,
aplaude o pica pau.